segunda-feira, 2 de janeiro de 2012


   NESSE MOMENTO A PALAVRA É LIBERDADE…
                          
                  

Nesse momento de início de um novo ano gregoriano, em meu sagrado momento de reflexão, estive pensando em um texto que Rama de Oliveira, a minha Divina e saudosa Sacerdotisa nos presenteou em seus magnificos momentos de reflexão:

“Não estou aqui nesse momento para apontar o dedo. Não estou aqui para julgar, não estou aqui para condenar... Estou aqui para empunhar a balança do equilíbrio, estou aqui para empunhar a  varinha mágica da lucidez que abre caminhos, estou aqui para usar palavras de amor e renovação, estou aqui para viver e permitir que os outros vivam, estou aqui para ser e fazer com que outros seres despertam para ser, se assim o desejarem. HEYA! “...

                                                                 
                                            

Então, eu fui mais adiante, - Eu estou aqui nesse momento para caminhar serenamente entre os que ignoram a PAZ, a HARMONIA, e o AMOR que envolve o meu caminhar, e com aqueles que simplesmente caminham comigo, para juntas (o) conhecermos a beleza e a intensidade da LIBERDADE DE SER UMA (O) BRUXA (O).
Nesse momento, buscamos peregrinar por trilhas que nos permitam ver as pedras do caminho com leveza e lucidez, para perceber a coloração de cada uma, a que estado mineral pertence e porque “eu” precisei tropeçar exato nela...
Nesse momento, quero apenas caminhar junto aos meus muitos filhos, sim filhos e netos, pois a minha idade cronológica já me permite chamar assim todos aqueles que escolheram peregrinar comigo por esse tão sedutor caminho da Bruxaria Tradicional.

Nesse momento já não estou nem um pouquinho interessada com aqueles que pensam e até expressam criticas negativas a nossa Tradição. Entendo que assim o fazem por ignorância de quem sou, porque ignoram as estradas difíceis, perigosas, amargas e sofridas que precisei “andar” para chegar aqui, nessa Estação, nesse Porto Seguro que conhecemos por TEMPLO CASA TELUCAMA. 
Hoje, graças a minha Deusa Macha e a todos aqueles que me guiam, essa estação TEMPLO CASA TELUCAMA É UM OÁSIS para todos aqueles que vivem ou passam por esse espaço sagrado.
E com a certeza de que só valeu a pena toda envergadura dos 37 anos como guiança nesse serpentear, pelo peso da bagagem que precisei carregar, minhas e de todos que um dia resolvi acolher no meu caminhar, aqui estou, em absoluta PAZ, para continuar caminhando e acolhendo todos aqueles que buscam junto a mim, conhecer a LIBERDADE DE SER UMA (O) BRUXA (O).

Buscamos ser livres na essência, na amplitude que essa palavra que denominamos liberdade, significa. A Bruxaria pode ser a escolha mais complexa e a mais difícil que poderia ter sido, considerando não somente os recursos que dispomos, e o condicionamento cultural religioso que nos oprime e violenta. Mas em essência a alma da (o) Bruxa (o) é livre, e também possui uma ética dominante, no que diz respeito às coisas da Grande Mãe Gaia.
Assim, a BRUXARIA TRADICIONAL É A PRÓPRIA EXPRESSÃO DE LIBERDADE, que se expressa através da criatividade, arte, fé e devoção de quem É...
A liberdade é isso! Uma fantasia, é um mundo lírico dos sonhos, do lúdico, das BELAS ARTES, e de certa forma da loucura. E isso não tem nada a ver com nossa vidinha prática, pragmática e calculada. Nós Bruxas (o) buscamos interagir com o TODO naturalmente. Assim estamos sempre despertas (o) para a beleza de toda arte natural que a Grande Mãe, a Natureza nos dá.

Quando todas (o), que se dizem seguidoras (o) dos Deuses, perceberam que não basta conhecer todos os Caminhos Mitológicos, todos os princípios filosóficos das Tradições, se essa ou aquela tradição está realizando certo ou errado seus rituais, se, se, se, deixar de ser a condição para se afirmar enquanto Bruxa (o), ai então conhecerão a  verdadeira essência da LIBERDADE DE SER UMA (O) BRUXA (O).

Quando uma (o) Bruxa (o)  se impõe condições para exercer a sua fé de liberdade, já não pode ser livre, porque se limita, se escraviza ao cumprimento das condições. E ser livre é estar solta para criar e absorver o conhecimento que se adquire com a própria vivência e experimentos mágicos.
Geralmente a grande maioria confunde liberdade com poder, como se ser livre fosse algo para ser conquistado, mas não dá para conquistarmos o que já somos. Digamos que liberdade é uma questão de descoberta e de autodisciplina.
Liberdade é algo que se descobre ao dar de cara consigo mesma (o), sem a interferência da opinião dos outros, sem os papéis socialmente impostos ou até escolhidos. O que conquistamos é a independência, a capacidade, o poder de fazer coisas por si e de cuidar de si. LIBERDADE não é poder: é ser.
Claro que para sentir-se livre é fundamental ter o domínio de si mesmo, não ser dominável. Mandar em si mesma (o), e não ser mandada (o). Mas isso é algo que depende de exercício, de prática. Já está dentro de todos nós esperando apenas para ser desenvolvido.
A grande maioria de nós pensa que liberdade é conquistar bens, conquistar posição, colecionar pessoas… Esse é o caminho mais certo para a prisão da essência e o domínio do ego!
Liberdade é não precisar de nada para ser livre, apenas da autodisciplina. Consciência do espaço limitado que ocupa no Planeta Terra, e o respeito pelo espaço do outro.

Liberdade é abandonar o castelo da presunção de que sabe tudo do seu caminhar e do caminhar do outro. 
Liberdade é andar descalço pela vida, e conhecer as pegadas do outro. É olhar com doçura para tudo; até para a dor, sem se deixar prender, lembrando sempre que a MÃE DOR TAMBÉM É PROVEDORA DA LIBERDADE.

Liberdade é dar asas ao coração, soltar o amar sem medo. É seguir em frente de olhos abertos e alma sem segredos, sem dissimulações.

NESSE MOMENTO, quero apenas a LIBERDADE de seguir peregrinando e serpenteando pelos bosques que estabelecem a comunicação com os Deuses. Exercendo cada vez mais a criatividade do belo e da fé, afinal sou uma velha Bruxa e ...
Graça Azevedo/Senhora Telucama
Suma Sacerdotisa do Templo Casa Telucama