sábado, 17 de março de 2007

Entrevista a Fernanda Guilher



Entrevista com a Senhora Telucama Graça Azevedo.


Fernanda Guilher


FG - Já ocorreu algum caso de retaliação e/ou perseguição e/ou preconceito?


ST- Resp: Algo muito sutil, nada relevante.

FG. Roda do Ano do Norte ou Roda do Ano do Sul? Eis a questão.


ST- Resp: Já que tempo e espaço são circulares, o conceito da Roda do Ano foi baseada nesse princípio. É muito fácil entender que vemos o espaço em nossa volta dividido em quatro partes: à frente, atrás, à esquerda, e à direita.
É ainda mais simples compreender a Terra e a passagem do tempo, observando as quatro direções (norte, sul, leste e oeste) e interiorizando que às quatro estações são paralelas (inverno, verão, primavera e outono). É essa divisão que gera as oito festas anuais da Bruxaria. Dai, tanto faz comemorar o calendário do Sul e do Norte. O que pesa realmente é o sentir do Bruxo. Mas nós do Templo Casa Telucama na Bahia rodamos pelo Sul.


FG-. Como se levar à sério a Bruxaria no meio de tanto "abo-bruxo" que acha que ser Wiccan é só usar preto, um pentagrama e lançar um olhar "malvado"?


ST-Resp: A sintonia com os valores espirituais, éticos, e morais é o que molda o comportamento da (o) Bruxa (o). O discurso diz muito pouco, e é a paz da consciência daqueles que almejam servir a Grande Mãe de forma plena e acolhedora, que é manifestada pela mudança interior, através da pureza de sentimentos e simplicidade de vida. Entretanto sem posar de "BRUXA BOAZINHA" (o). Até porque, o bem e o mau são energias contidas no todo, no universo, nos cabe buscar o equilíbrio. Evidentemente que não só os bruxos mas o ser humano.


FG- Por que faz parte da cultura da Bruxa esconder tanto seus fundamentos? Seria apenas para preservar a Arte? Seria um certo receio de uma certa "santa inquisição pós-moderna"?


ST-Resp: Eu jamais me escondi quando era uma jovem Bruxa, imaginem hoje? ( risos) Uma jovem, velha senhora Bruxa...
Não temos porque nos escondermos. O que devemos sim, é fazer com que a nossa vida enquanto cidadãos sejam exemplo de dignidade e responsabilidade, para consigo mesmo e para com o próximo, bem como para com a preservação de todo o sistema de vida neste grande útero que nos acolhe que é o planeta terra.Precisamos mesmo é dismistificar todo esse folclore em torno da nossa religião, fator extremamente ultrapassado e sem propósito. Preconceito de qualquer ordem é repugnante e é crime.

FG- Por que tanta gente ainda tem medo de bruxa(o)?


ST-Resp: Tudo por uma questão de condicionamento cultural. Da falta de conhecimento, principalmente histórico e religioso.Depende do pais, da cultura local. Por exemplo, aqui na Bahia, onde moro e sou conhecida como Bruxa, não tenho esse problema, pelo contrario, acho até que sou muito querida não só como pessoa mas também como bruxa (risos).

FG - Deixe uma mensagem para quem petende seguir o caminho da Bruxaria.


ST- Resp: Nos alegra e enobrece a alma, a certeza de que os nossos Deuses são duais nas suas “personalidades” tanto quanto o ser humano: Frágeis e fortes, guerreiros e pacifistas, amorosos e rancorosos, racionais e emocionais, o que nos promove a parceria perfeita de trocas energéticas. Amamos nossos Deuses de forma real e concreta, sem medos e pressões. Sabemos do que podem e do que não podem partilhar.
Somos politeístas e adoramos os seres mágicos dos Antigos. Celebramos Deuses primitivos e lhes fazemos oferendas, respeitando cada um com suas variações e características peculiares.Como nossas ancestrais tribais, mantemos vivas as honras da casa a Deusa protetora, a soberana: Gaia, a que mantém a soberania territorial, para quem consagramos o espaço do Templo Casa Telucama.Espero Ter dado a minha contribuição...
Abençoados sejam todos!
Graça Azevedo / Senhora Telucama.

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